A não eleição de Vini Junior como melhor do mundo trouxe muitas declarações e manifestações espontâneas de diversos segmentos, jogadores, treinadores e entidades esportivas questionando a decisão da FIFA. Claramente o que todos perceberam é o preconceito institucionalizado como um dos quesitos primordiais na eleição do melhor do mundo. Com isto já não é mais o futebol, a produção de arte, talento e resultado dentro de campo. A origem africana pesa contra um troféu latentemente europeu.
Até quando manifestações explícitas de preconceito e segregação racial darão o tom desta premiação? Atravessamos um momento em todas as áreas em que o orgulho de posicionamentos que jamais deveriam ter saído do esgoto dão a tônica e dominam discursos e hábitos do dia a dia. O que tem sido mais triste é a falta de conexão entre defensores dos direitos humanos em busca apenas do poder como um fim em si mesmo, seus discursos e práticas. Há muito pouco compromisso real com o combate ao racismo, na realidade grupos identitários querem unicamente sufocar causas mais amplas, por conta de questões individuais.
Enquanto isto o debate do que interessa como a vida real do povo trabalhador que depende das políticas públicas do Estado fica obstruído,interditado, aguardando apenas o momento das eleições para, de súbito, levantar-se desesperadamente em busca de votos e mais quatro anos de costas viradas para o povão.
Há algo muito podre na democracia buirguesa. A insatisfação popular, inclusive com muitos pobres indo para os braços da direita mostra o déficit político entre aquilo que está aqui nas vésperas de eleições e nas entregas que nem sempre acontecem de verdade. Como isto temos grupos envergonhados, se é que a vergonha na cara já não se extinguiu por causa do fanatismo político…